segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pedagogia de Projetos

PEDAGOGIA DE PROJETOS

UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA



Método de Projeto



Método de projeto constitui uma unidade de atividades de ensino, com um propósito bem determinado, que inclui um problema completo em si mesmo.

O projeto pode ser ainda definido como cadeira organizada de atividades, dominada por um motivo central, tentando realizar, quer seja pelo prazer encontrado na realização, quer seja nos resultados a serem obtidos.



Objetivos



• Estimular o aluno a agir e realiza algo.

• Desenvolver habilidades e atividades sociais necessárias à vida em comunidade.

• Atender às diferenças individuais.

• Oferecer oportunidade para o educando aprender a fazer, fazendo.

• Desenvolver habilidade para solucionar problemas.

• Desenvolver o espírito de iniciativa, de responsabilidade, de solidariedade e de liberdade.



Fundamentação



O método de projeto se fundamenta na Psicologia da Aprendizagem, que considera o jovem como um ser em desenvolvimento, com vontade e decisões próprias, cujos conhecimentos, habilidades e atitudes são adquiridos em função de suas experiências, em contato com o seu meio ambiente, através de uma participação ativa na resolução de problemas e dificuldades.



Importância do método de projeto



É um método ativo que consiste em incentivar o aluno à realização de uma tarefa para solucionar um problema. Não usa a solução teórica para o problema e sim a solução pela realização, proporcionando uma riqueza extraordinária de experiências que a simples solução teórica não pode proporcionar.

As atividades no desenvolvimento do projeto são planejadas e executadas pelos alunos de forma natural e semelhante às condições da vida real.

A importância desse método é a significação e autenticidade das tarefas. Por exemplo: o aluno escreverá uma carta como resposta a uma necessidade afetiva, como um objeto imediato e desejado e não como uma simples tarefa determinada pelo professor. Deverá resolver um problema para encontrar uma resposta de que necessita, para uma ação imediata e não para atender a uma solicitação do professor.

Além de possibilitar a integração das diversas áreas do programa escolar, o método de projeto poderá contribuir eficazmente, ao lado de outros métodos, para o êxito do processo ensino-aprendizagem.



Os projetos de trabalho, o espaço escolar e a formação dos alunos



Se perguntarmos a uma série de professores sobre qual o objetivo de ensino sobre o tipo de aluno que gostariam de ajudar a formar, não haverá, com certeza, uma discordância nas respostas. Faz parte de, praticamente todo discurso pedagógicos, criar, como objetivos do ensino, a formação de alunos autônomos, conscientes, reflexivos, participativos, cidadãos atuantes, felizes *1, entre outras características similares. Não aparecem, nesse discurso, características como passividade, submissão ou alienação.

No entanto, se formos olhar através das “lentes” do cotidiano escolar, esse discurso não se legitima em uma prática. Vejamos alguns depoimentos de alunos, para melhor clarear essa questão.

“Eu me chamo Guilherme, Tenho 7 anos.Toda manhã, lá pelas 8 h20, passo por um portão e me torno um aluno.

A minha mãe quando me leva a escola, deixa-me à porta. Não tem direito de entrar. Nem pode vir ver nossa cobaia na sala por causa de um cartaz. Ela me disse que está escrito: “ Proibido para adultos que não são professores”.

Aliás, eu também não tenho direito de subir logo para a sala. A gente tem que ficar no pátio com outras crianças e os professores de guarda que parecem estar tão congelados quanto agente. Também, quando a campainha toca a gente deve correr rápido para formar a fila de dois e ficar quieto para subir. Minha professora, quando não está de guarda, tem o direito de subir porque vai preparar nosso trabalho. Quanto a prepará-lo ela o prepara nada, claro, a gente é pequeno demais. Mas a professora, ela sabe tudo que a gente vai fazer no dia. Não diz para nós: a gene é pequeno demais.
Sabe, a gente pode adivinhar, é sempre a mesma coisa: de manhã, a gente faz os sons ou as etiquetas ou a gente lê pela primeira vez. Depois do recreio, a gente faz “matemática”. De tarde, é mais difícil adivinhar, porque não é o mesmo todo dia. Mas a professora nos diz: “Bom, então, agora, a gente vai fazer...” (é engraçado, sempre diz assim: até o Patrick se diverte contanto as vezes que ela diz).

Aliás, a professora diz tudo: se a gente deve apanhar o caderno de rascunho ou o tênis, ou o livro de leitura, em que página, se a gente fica como está ou se forma um círculo em frente ao quadro, ou se a gente forma grupos e com quem a gente fica”. (Jolibert, 1985)

Como esses exemplos nos mostram, há um grande distanciamento entre o discurso pedagógico dos professores, em relação ao perfil dos alunos que desejam formar, e o perfil que está sendo realmente formado, a partir das experiências vividas no cotidiano escolar.

Os depoimentos revelam um cotidiano, onde os alunos se colocam como sujeitos passivos, sempre à mercê das ordens do professor, lidando com um conteúdo completamente alienado de sua realidade em situação artificial de ensino/aprendizagem.

Surge, assim, uma necessidade urgente de re-significar o espaço escolar com seus tempos, rituais, rotinas e processos – de modo a que ele possa, efetivamente, estar voltado para a formação de sujeitos ativos, reflexivos; cidadãos atuantes e participativos, como desejam os profissionais da educação.

A Pedagogia de Projetos visa à re-significação desse espaço escolar, transformando-o em um espaço vivo de interações, aberto ao real e às múltiplas dimensões. O trabalho com Projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo de ensino/aprendizagem. Aprender deixa de ser um simples ato de memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos. Nesta postura, todo conhecimento é construído em estreita relação com os contextos em que são utilizados, sendo, por isso mesmo impossível separar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais presentes nesse processo. A formação dos alunos não pode ser pensada apenas como uma atividade intelectual. É um processo global e complexo, onde o conhecer e intervir no real não se encontram dissociados. “Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas experiências proporcionando, pelos problemas criados pela ação desencadeada”.

Ao participar de um projeto, os alunos estão envolvidos em uma experiência educativa onde o processo de construção de conhecimentos está integrado às práticas vividas. Este aluno deixa de ser, nessa perspectiva, apenas um “aprendiz do conteúdo de uma área de conhecimento qualquer. É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade complexa e que nesse processo está se apropriando, ao mesmo tempo, de um determinado objeto de conhecimento cultural e se formando como sujeito cultural” * 3. Isso significa a impossibilidade de homogeneizar os alunos – desconsiderando sua história de vida, seus modos de viver, suas experiências culturais – e dar um caráter de neutralidade aos conteúdos – desvinculando-os do contexto sócio-histórico que os gestou.



Aspectos a observar antes da execução de um projeto




• Necessidade sentida, ou um desejo da classe, de resolver uma situação concreta;

• Meta bem definida a ser alcançada, acessível e exeqüível, de acordo com as condições da classe;

• Objetivos do projeto considerado por todos os alunos como seus objetivos;

• Responsabilidades de execução do projeto livremente aceitas, através de um planejamento cooperativo;

• Planejamento e execução de atividades pelos próprios alunos;

• Oportunidade de o aluno realizar-se como pessoa, pelo respeito à sua individualidade;

• Motivação a uma convivência harmoniosa e cooperativa ente colegas, revelada pelos interesses, aptidões, pelo ritmo de crescimento e, ainda, pelo incentivo à criatividade.



Principais características do Projeto:



- Um Projeto é uma atividade intencional: o envolvimento dos alunos é uma característica chave do trabalho de projetos, o que pressupõe um objetivo que dá unidade e sentido às várias atividades, bem como um produto final que pode assumir formas muito variadas, mas procura responder ao objetivo inicial e reflete o trabalho realizado.

- Num Projeto, a responsabilidade e autonomia dos alunos são essenciais: os alunos são co-responsáveis, pelo trabalho e pelas escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto. Em geral, fazem-no em equipe, motivo pelo qual a cooperação está também quase sempre associada ao trabalho de projetos.

- A autenticidade é uma característica fundamental de um projeto: o problema a resolver é relevante e tem um caráter real para os alunos. Não se trata de mera reprodução de conteúdos prontos. Além disso, o problema não é independente do contexto sócio-cultural e os alunos procuram constituir respostas pessoais e originais.

- Um projeto envolve complexidade e resolução de problemas: o objetivo central do projeto constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige uma atividade para sua resolução.

- Um projeto tem um caráter faseado: um projeto percorre várias fases: escolha do objetivo central e formulação dos problemas, planejamento, execução, avaliação, divulgação dos trabalhos.



A partir dessas características, podemos situar os projetos como uma proposta de intervenção pedagógica que “dá à atividade de aprender um sentido novo, onde as necessidades de aprendizagem afloram nas tentativas de se resolver situações problemáticas. Um projeto gera situações de aprendizagem, ao mesmo tempo, reais e diversificadas. Possibilita, assim, que os educados, ao decidirem, opinarem, debaterem, construam sua autonomia e seu compromisso com o social”, formando-se como sujeitos culturais.



A organização dos Projetos de Trabalho:



Ao se pensar no desenvolvimento de um Projeto, a primeira questão colocada diz respeito a como surgem esses projetos e, principalmente, que propõe o tema para o próprio. Diante dessa questão, surgem posições diferenciadas, como alguns profissionais defendendo a posição de que o projeto deve partir, necessariamente, dos alunos, pois senão ele seria imposto. Outros defendem a idéia de que os temas deve ser propostos pelo professor, de acordo com a sua intenção educativa, pois, de outra forma, se cairia em uma postura espontaneista. O que se desconsidera, nessa polêmica, é que o central da Pedagogia de Projetos e não se coloca nesta polêmica, mas, sim, no envolvimento de todo o grupo com o processo. Um tem pode surgir dos alunos, o que não significa, a priori, uma afetiva participação destes no desenvolvimento do projeto.

O que caracteriza o trabalho com Projetos não é o fato da temática surgir dos alunos e professores, mas o tratamento dada a esse tema, no sentido de torná-lo uma questão do grupo como um todo e não apenas de alguns ou do professor. Nesse sentido, os problemas ou temáticas podem surgir de um aluno em particular, de um grupo de alunos, da turma, do professor ou da própria conjuntura. O que se faz necessário garantir é que esse problema passe a ser de todos, com um envolvimento efetivo na definição dos objetivos e das etapas para alcançá-los.

Para isso, ao se pensar no desenvolvimento de um projeto, três momentos devem ser configurados:

a) Problematização: é o ponto de partida, o momento detonador do projeto. Nessa etapa inicia, os alunos irão expressar suas idéias, crenças, conhecimentos sobre o problema em questão. Esse passo é fundamental, pois dele depende todo o desenvolvimento do projeto. Os alunos não entrem na escola como uma folha em branco, já trazem, em sua bagagem, hipóteses explicativas, concepções sobre o mundo que o cerca. E é dessas hipóteses que a intervenção pedagógica precisa partir, pois, dependendo do nível de compreensão inicial dos alunos, é evidente que o processo toma um ou outro caminho.

É na fase da problematização que o professor detecta o que os alunos já sabem o que ainda não sabem sobre o tema em questão. É também a partir das questões levantadas nesta etapa que o projeto é organizado pelo grupo.

- Perfil do Grupo: é fundamental que qualquer intervenção seja pensada a partir da “leitura” do grupo: nível de desenvolvimento cognitivo, universo cultural, conhecimento prévio, idade, série (agitados? quietos?), etc. Só assim os projetos cumprirão a sua finalidade, auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos. De outra forma vira um pacote de atividades prontas.

- Justificativa: a justificativa é o momento de fundamentar a escolha desse projeto, buscando esclarecer a sua importância para o grupo e tendo como referência à proposta curricular. É a partir da justificativa que podemos avaliar se o projeto é pertinente para aquele momento, para aquele grupo. Sem isso corremos o risco de fazer projetos que, apesar de muito bonitos ou bem elaborados, não auxiliam o processo de aprendizagem dos alunos envolvidos.

- Objetivo: é aquilo que a criança será capaz de fazer no final do projeto. Definir os objetivos significa Ter clareza do processo, daquilo que se deseja com as ações desenvolvidas.

b) Desenvolvimento: é momento onde se criam as estratégias para buscar respostas às questões e hipóteses levantadas na problematização. Aqui, também, a ação do sujeito é fundamental. Por isso, é preciso que os alunos se defrontam com situações que os obriguem a confrontar pontos de vista, rever suas hipóteses, colocar-se novas questões, confrontar-se com novos elementos postos pela Ciência. Para isso, é preciso que se criem propostas de novos conteúdos e para isso a intervenção do professor é fundamental, no sentido de criar ações para que esta apropriação se faça de forma significativa. Isso poderá ser feitos a partir da organização de módulos de aprendizagem, onde o professor irá criar atividades visando a um tratamento mais detalhado e refletido do conteúdo trabalhado.

Não é o simples fato dos projetos gerarem necessidades de aprendizagens que se está garantindo esta aprendizagem. É preciso que os alunos se apropriem desses trabalhos que exijam a saída do espaço escolar, a organização em pequenos e grandes grupos, o uso de biblioteca, a vinda de pessoas convidadas a escola, entre ações. Nesse processo, as crianças têm que utilizar todo o conhecimento que têm sobre o tema e se defrontar com conflitos, inquietação que as elevarão ao desequilíbrio de suas hipóteses iniciais.

- Etapas: é o processo de desenvolvimento do projeto. Aqui as ações são organizadas, de forma seqüenciada, levando em consideração o objetivo final do empreendimento. A questão da seqüenciação é fundamental para não queimar etapas e não esquecer outras que são importantes.

- Recursos: é importante levantar os recursos necessários para a execução do projeto (objetos, textos, recursos audiovisuais...) bem como dividir as responsabilidades para conseguí-los. Cabe ao professor a responsabilidade de selecionar e levar recursos que dão suporte a projetos de apoio (estudos, pesquisas, análise de modelo...).

- Tempo: a distribuição do tempo deve ser dimensionada, para que o projeto não fique grande demais, criando um desânimo nos alunos. O tempo deve ser pensado tendo como referência o grupo (crianças menores não conseguem acompanhar projetos muito complexos, acabam se perdendo no processo).

c) Síntese: Em todo esse processo, as convicções iniciais vão sendo superadas e outras mais complexas, vão sendo construídas. As novas aprendizagens passam a fazer parte dos esquemas de conhecimento dos alunos e vão servir de conhecimento prévio para outras situações de aprendizagem.

- Avaliação: o processo de avaliação é feito junto com os alunos, já que eles participam de todo o processo. Ela vai ser feita tendo como parâmetro os objetivos propostos, o produto do empreendimento e o processo de cada criança no desenvolvimento do projeto. Dessa forma, a avaliação deixa de ser arbitrária e passa a ser um processo de tomada de responsabilidades de todos os envolvidos.



Apesar de explicitarmos três momentos dentro do desenvolvimento de um projeto, é importante frisar que são momentos de um processo e não etapas estanques. A compreensão da metodologia como técnica é comum em nossa cultura escolar e dela vem a significação e redução da pedagogia de projeto enquanto uma técnica de ensino. Entendemos que a pedagogia de projetos não pode ser mais técnica sujeita a regras predeterminadas. Os projetos são processos contínuos que não podem ser reduzidos a uma lista de objetivos e etapas. É uma postura que reflete uma concepção de conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam dando significado as aprendizagens construídas. Aprendizagem estas que servem não só a resolução dos problemas postos para aquele projeto específico, mas que são utilizadas em outras situações, mostrando, assim, que os educandos são capazes se estabelecer relações e utilizar do conhecimento apreendido sempre que necessário.



Tipos de Projetos:



Distintos didaticamente, afim de melhor precisar os objetivos das situações e atividades desenvolvidas nas classes, são definidos três tipos, segundo Jolibert:



1- Projeto empreendimento/construtivo:

É o projeto que tem um objetivo concreto: organizar uma exposição, realizar uma execução, uma feira de cultura, editar um livro de classe, etc. é o projeto em si, que exige planejamento anterior e é provedor de situações reais, faz com que uma produção deixe de Ter um objetivo meramente acadêmico, para ser uma necessidade, uma atividade prática – concreta. “a sua execução possibilita, aos alunos, lidarem com a distribuição de tarefas em um espaço de tempo e efetuarem um processo de avaliação dos resultados obtidos”.

2- Projeto competência/conhecimento:

Ele é construído por professor e aluno, a partir dos objetivos do empreendimento ou da apresentação informal dos conteúdos curriculares.

É através dele que os alunos tornam-se sujeitos de sua aprendizagem, pois passam a saber: o quê, como e para que realizar um estudo (aprendizagem significativa).b

Dessa forma, a escola começa a trabalhar com a totalidade do conhecimento e deixa de apenas “transmiti-lo” para buscá-lo junto aos mais interessados neste processo ensino-aprendizagem.

3- Projeto de Vida Cotidiana:

Ele envolve as decisões relacionadas com a inexistência e o funcionamento da vida de uma coletividade: regras e normas, organização do espaço, do tempo, das atividades, das responsabilidades, etc.

Neste projeto, os registros de decisões, as listas de responsabilidade e de funcionamento da classe, as tarefas dos grupos passam a ser produções de escrita em situações reais de uso (aprendizagem significativa).

Esta é a parte do projeto que trabalha para o desenvolvimento da autonomia, para o desenvolvimento dos conceitos de cidadania e respeito mútuo. As rodas, as reuniões de grupos, assembléias, são lugares de construção de poderes autênticos pelas crianças. Assim elas forma sua responsabilidade, ao mesmo tempo que se expressam, decidem, fazem escolhas, avaliam, cobram, aprendem a falar o que pensam, a ouvir o pensamento do colega, enfim a desenvolver-se autônoma e moralmente.

Os projetos podem ser individuais da classe ou podem ser de um segmento da escola, ou ainda de toda ela. Neste último caso, eles se denominam Projetos institucionais (de toda instituição).

Projeto institucional:

Este projeto se faz um veículo útil e necessário para que haja integração e adaptação de todos os componentes de uma escola. Nele as tarefas são divididas e relacionadas de acordo com a idade, o tema e o tempo. Cabe aos professores coordenar um emaranhado de tópicos, grupos e subgrupos para finalizar o trabalho.

Cada sala fica “encarregada” de pesquisar / descobrir acerca de um tema, depois, através de produções escritas, ela transmite às outras classes suas competências adquiridas.

De acordo com as competências, o professor estabelece os objetivos de vida cotidiana.



Orientações metodológicas:



A utilização da Pedagogia de Projetos:

O trabalho com projetos traz para o espaço escolar, uma nova forma de perceber o processo de ensino aprendizagem. Nessa perspectiva, o aprender passa de uma visão fragmentada, descontextualizada e sem sentido, para uma visão mais integradora, contextualizada e significativa.

Essa metodologia tem como pressuposto básico, a ação do aluno sobre seu processo de aprendizagem. Ele participa da escolha do tipo de projeto que será desenvolvido, opina sobre o tema a ser trabalhado, problematiza a partir dos conteúdos, busca alternativas de solução para os problemas, contribui na organização do projeto.

Outras características importantes para esse tipo de encaminhamento da prática pedagógica são:

• todo conhecimento é construído a partir do contexto em que é utilizado;

• a construção do conhecimento é integrada às experiências e aos conhecimentos prévios dos alunos;

• o problema investigado é relevante e tem um caráter real para os alunos;

• um projeto cria situações diversificadas de aprendizagem;

• todo projeto é uma atividade intencionalmente, com objetivos claros a serem alcançados;

Assim, o trabalho com projetos não deverá ser visto simplesmente, como possibilidade de renovação pedagógica e sim, como uma metodologia que tem no seu cerne uma concepção de ensino/aprendizagem onde os sujeitos desse processo se constituem no saber, no fazer e no ser.



A ação do Professor:

Considerando que a aprendizagem não se concebe como uma estrutura linear de justaposição de conhecimento que se agregam, e que o aluno está vivendo um processo ativo, é necessário, que o professor medie a aprendizagem, intervindo, orientando e problematizando esta realidade. As condições cognitivas por si só não garantem o sucesso do aluno.

O professor nesta perspectiva é o eixo dessa dinâmica. Sua ação está direcionada para uma ação educativa que ressalta os objetivos amplos da Pedagogia de Projetos:

• construção de um ambiente cooperativo, onde as decisões coletivas e os compromissos assumidos garantem o exercício da experiência democrática.

• construção de um espaço significativo de aprendizagem, onde as interações, que possibilita o confronto dos diferentes pontos de vista e a contínua descentralização do pensamento, na busca da superação das contradições surgidas.

A atuação de qualquer professor que queira implementar uma proposta como esta, não passa por uma aventura pedagógica. É muito importante que estude, levante questões desafiadoras e tenha o domínio dos conteúdos de ensino e não os transforme em conhecimento desprovido de significado. Deve sobretudo conhecer seu aluno, saber como ele pensa e que hipóteses constrói.

Ao professor deve ser dada a oportunidade constante de refletir sobre sua prática, para que possa avançar nos seus objetivos e proposições, e não aplicar mecanicamente uma seqüência de atividades previamente planejadas, que nada representam para o seu grupo de trabalho.

É necessário, no entanto, que tenha um planejamento global de sua ação pedagógica. O dia-a-dia de uma classe exige flexibilidade que se constitui como uma rotina coerente e facilitadora dos projetos desenvolvidos. Isto não implica estar liberada ao acaso.

Construir uma rotina é organizar um espaço para que cada coisa se realize com qualidade e não só quantidade, num determinado tempo. É um exercício de socialização e democracia, entre as pessoas que tem um convívio comum. Ela é o alicerce do trabalho e envolve ritmo, compromisso e responsabilidade.



A Globalização do Conhecimento:

Na perspectiva que estamos discutindo, aprender não acontece por transmissão de conteúdos, nem pelo acúmulo de matérias que tratam do mesmo tempo, tampouco pelo esforço do professor em desenvolver um projeto interdisciplinar. Estas são situações que não consideram o ponto de vista e a forma original do pensamento do aluno.

Aprender é um trabalho do aprendiz que faz uso de seus esquemas de compreensão, reestruturando-os a cada nova aprendizagem. Envolve a ampliação das relações entre os significados construídos, que não é possível de ser doada pelos professores.

Assim a globalização do conhecimento não é uma supervalorização dos processos cognitivos. Acham também presentes aspectos físicos, emocionais e sociais no desenvolvimento do sujeito. Temos como finalidade criar atitudes que permitam à criança aprender a aprender e a atuar no mundo autonomamente, à medida em que organiza seus conhecimentos.

As relações construídas no interior da escola devem ser educativas/cooperativas, oferecendo aos alunos situações de participação nos projetos construídos pelo grupo, a partir da negociação dos interesses individuais e coletivos. A necessidade de aprender surge exatamente na tentativa de resolver os conflitos que emergem nesta relação. Os educandos sabem, portanto, o que e para que estão aprendendo e a escola transforma-se em espaço significativo de aprendizagem.

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